Mesmo com juros elevados, o cartão de crédito é usado por 39% dos donos de pequenos negócios como forma de financiamento, segundo levantamento do Sebrae.
Por outro lado, apenas 7% desses micro e pequenos empresários optam por buscar empréstimos em bancos privados. Nos bancos públicos esse percentual é ainda menor (4%).
Após o cartão de crédito, a segunda modalidade de financiamento mais usada pelos empresários de pequeno porte é o pagamento de fornecedores a prazo (20%), seguida pelo cheque especial (7%) e dinheiro de amigos e parentes (7%).
A série histórica da pesquisa (iniciada em 2013) mostra uma queda significativa na modalidade de pagamento de fornecedores a prazo, que já foi a principal fonte de financiamento (67% dos empresários em 2015).
Outro meio de financiamento que caiu significativamente foi o cheque pré-datado, que era citado por 46% dos empresários em 2015 e, na pesquisa deste ano, foi lembrado por apenas 4% dos entrevistados, a menor marca da série histórica.
Para Décio Lima, presidente do Sebrae, os dados revelam a dificuldade dos empreendedores em conseguir recursos junto aos atores do sistema financeiro, algo que diz ser um problema crônico no país.
“O volume de burocracia, a exigência de garantias e as altas taxas de juros funcionam como barreira que dificulta a vida das micro e pequenas empresas. Por essas razões, os empreendedores acabam buscando financiamento fora dos bancos e optando”, diz Lima.
Segundo ele, a dificuldade de acesso ao crédito “é um dos grandes entraves que impedem o desenvolvimento econômico e social do país.”
O presidente do Sebrae ainda destaca que o alto uso do cartão de crédito pelos empreendedores prova como seria danoso o fim do parcelamento sem juros para esse segmento.
“Entendemos que taxar o parcelamento no cartão de crédito pode impedir o funcionamento de empresas e o consumo das famílias. Os pequenos negócios podem ser os mais prejudicados com a taxação, além de ameaçar o poder de compra do brasileiro”, diz.
A pesquisa “O Financiamento dos Pequenos Negócios no Brasil 2023” coletou 6.237 entrevistas por telefone no período de 1 a 30 de junho de 2023. Foram ouvidos microempreendedores individuais (MEI) e donos de micro e pequenas empresas dos setores de Comércio, Serviços e Indústria.
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